Camila de Ávila's video: Momentos Musicais A tua presen a morena

149 A tua presença morena – Caetano Veloso “A tua presença morena” está no disco “Qualquer coisa”, de 1975, de Caetano Veloso. Maria Bethânia também gravou a canção em 1969, no disco “A tua presença...”, o quinto de sua carreira. Fernanda Abreu canta a canção no disco “Da lata”, lançado e 1995. A última versão está em “Ofertório”, álbum de Caetano com os filhos, lançado em 2018. Em uma entrevista para o jornalista Leonardo Lichote, publicada no jornal O Globo, em 2013, Nana Caymmi e Maria Bethânia fizeram revelações sobre a canção “A tua presença morena”. “Nana também tem sua favorita da amiga: — Como era o nome? Se não me engano é do Caetano (abaixa a cabeça, pensa e, quando levanta, canta “A tua presença morena”). “A tua presença/ Entra pelos sete buracos da minha cabeça”. Puta que pariu. Eu nunca tive essa sensação de inveja, de ciúme, mas tinha certas músicas dela que eu dizia: “Não é dela, é minha. Por que ela está cantando e não eu?”. Mas essa foi a que mais me derrubou. Bethânia ouve e revela: — Sabe que Caetano fez essa canção para Nossa Senhora? Essa presença é Nossa Senhora. Lindo, né? Ele fez o “Hino a Nossa Senhora da Purificação” e em seguida fez essa. Surpresa, Nana respon-de:— Como é que eu senti isso? Bom, eu tenho uma coisa com Nossa Senhora, com Jesus... Jesus é meu cambono (pessoas que não entram em transe mediúnico), né? Sem ele eu não sou nada. Não sabia disso de Nossa Senhora. Agora me atrevo a cantar”. De verdade, eu não acho que é isso não. Mas se Bethânia falou, tá falado! No meu entendimento, a canção tem um cunho mais lascivo. Caetano diz que a presença dessa mulher morena é tão intensa que toma conta de tudo, dos buracos da cabeça, do corpo inteiro, dos sentidos, paralisa e move. A presença tem todas as cores e depois se torna negra. Lembrando que o preto é a ausência de cor porque absorve e não reflete a luz. Ou seja, Caetano diz que a presença negra absorve tudo que está presente. O ápice é quando Caetano afirma que a presença dessa Morena mantém “sempre teso o arco da promessa”. No livro Verdade Tropical, de 1997, Caetano diz que: “manter o arco teso, para mim, é não dei-xar afrouxar, é não deixar tampouco simplificar as coisas para mim com uma adesão ao que [os concretistas] já trazem como programa”.