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Táta Nganga Kamuxinzela's video: Vlog 46 A Import ncia de se Manipular o Moyo Fernando de Lig rio

@Vlog 46 A Importância de se Manipular o Moyo | Fernando de Ligório
4/4/2020: A INFLUÊNCIA BANTU NA QUIMBANDA Seguindo nossa série de vlogs sobre a boa Quimbanda, o tema de hoje é: a influência bantu na Quimbanda. Como todos estão acompanhando, tenho produzido um trabalho de pesquisa extenso e profundo sobre a gênese da tradição de Quimbanda nos dois momentos do Culto de Exu no Brasil. Boa parte dessa pesquisa tenho atualizado no texto A Tradição de Quimbanda, disponível aqui no site. É somente na eclosão das tentativas de organização do chão africano no Brasil através dos movimentos mágico-culturais dos candomblés e calundus baianos, da cabula capixaba e da macumba carioca que é possível inferir a profundidade e extensão da influência da cultura kimbundo-bantu na tradição de Quimbanda. No dia-a-dia do culto, na transmissão oral de fundamentos e memória ancestral, pode ser difícil enxergar essa influência: não só o modus operandi da Quimbanda é norteado pela religião bantu, mas fundamentações peculiares da metafísica e cosmovisão também. Eu gostaria de abordar um aspecto bem prático (senão pragmático) para o entendimento disso. Um feiticeiro-kimbanda não mensura suas ações magísticas pelas lentes opacas da moral, da ética e dos bons costumes. A Quimbanda vai à contramão disso! Um feiticeiro-kimbanda mensura suas ações magísticas em quantitativos energéticos. Dessa maneira, um feiticeiro bem sucedido na vida é aquele que manipula com eficiência uma quantidade considerável de energia vital; por outro lado, um feiticeiro-kimbanda mal sucedido na vida tem pouca eficiência na manipulação dela. Trata-se de um consenso comum essa verdade na tradição de Quimbanda. Essa ideia, no entanto, vem da cultura kimbundu-banto. Na religião bantu o poder do sacerdote (kimbanda) é mensurado por sua capacidade em manipular a energia vital (moyo) de forma benigna (para garantir a ordem cósmica e social) ou maligna (para desestruturar a ordem cósmica e social). A ordem cósmica e social por sua vez são interdependentes, ambas dependentes das relações (pactos, alianças e compromissos) que os homens estabelecem com os ancestrais divinizados e antepassados do culto. Tudo depende da harmonia das relações estabelecidas com os espíritos. Não há uma distinção entre homens e espíritos; ambos participam de uma só comunidade. Assim, relações espirituais negligentes produzem esgotamento energético através de um processo de vampirização e, ao contrario, relações harmoniosas garantem um fluxo abundante de energia vital. Para os bantus a magia é fruto direto da comunicação com os espíritos – uma ideia universal na tradição da magia – e dela depende a harmonia ou anarquia total do cosmos e da sociedade (comunidade). Dessa forma, o culto diligente aos ancestrais divinizados e aos antepassados para os bantus garante a continuidade da organização da comunidade e o fortalecimento da energia vital dela (mais fartura e saúde para todos). Por conta disso, a notoriedade de um sacerdote (kimbanda) depende de sua capacidade em, através de sua feitiçaria, manter a harmonia e a prosperidade da comunidade. Dessa notoriedade nasce a confiança da comunidade de que o kimbanda tem uma comunicação profunda com os ancestrais divinizados e antepassados da religião, mantendo com eles laços fortes e efetivos, responsáveis pelo bem-estar, harmonia e abundância de todos. É neste sentido que um kimbanda trata-se de um agente social. Um sacerdote que deixa a comunidade cair vítima da voracidade dos espíritos, sejam àqueles da comunidade ou outros enviados pelo ataque de feiticeiros, criando com isso uma desestruturação social, têm sua notoriedade manchada. O status social de um kimbanda está conectado, portanto, a sua capacidade de conhecer e manipular a energia vital, se beneficiando ele mesmo, em primeiro lugar, dela. Na cultura kimbundo-bantu o mundo é concebido como energia, não como matéria; tudo é força mágica e disso depende toda a cosmovisão kimbundu-bantu. Essa força mágica é transmitida dos espíritos diretamente aos homens, todos os homens. Mas apenas alguns poucos, os kimbandas, têm a capacidade de manipular tal força com eficiência. Nesse entendimento, os bantus compreendem que existe uma conexão tênue entre os três reinos primordiais (mineral, vegetal e animal), o reino dos homens e o reino divino, todos interligados por uma extensa rede energética. A energia vital, portanto, pode aumentar ou diminuir em acordo a dinâmica entre todos esses reinos, de modo que um pode enfraquecer o outro. É sabendo disso que um kimbanda conquista o domínio e torna-se capaz de manipular essa força mágica. Toda herança desse entendimento está presente na tradição de Quimbanda, não nos termos idênticos a cultura kimbundo-bantu, mas como pano de fundo da compreensão que o feiticeiro-kimbanda tem da arte da feitiçaria e seu exercício.

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