Lbtavares Tavares's video: Lu s de Barreiros Tavares - Livro: 5 de ORPHEU: Almada Amadeo Pessoa Santa Rita S -Carneiro

Sessão de apresentação do livro de Luís de Barreiros Tavares: 5 de ORPHEU: Almada – Amadeo – Pessoa – Santa Rita – Sá-Carneiro, Edições MIL e DG edições, Novembro 2018. Almada Negreiros, Amadeo de Souza-Cardoso, Fernando Pessoa, Santa Rita Pintor e Mário de Sá-Carneiro. “O Dr. Júlio de Matos terá o manicómio arrombado?” (Jornal O Mundo, Junho 1915) “Quatro dos nossos companheiros de trabalho, que tentaram a empresa de ler a revista [Orpheu] até ao fim recolheram ao hospital com terríveis indícios de alienação.” (O Século Cómico, 1915) “Tudo o que eles tocam, levanta voo à nossa frente” (Eduardo Lourenço sobre os de Orpheu) “Se é certo que Pessoa e Sá-Carneiro realmente gostavam da poesia de Ângelo de Lima, o facto de ser um louco certificado, residente no Manicómio Miguel Bombarda desde 1902, só podia valorizá-lo” (Richard Zenith, no catálogo da exposição “Os Caminhos de Orpheu”) Moderação e notas finais: Renato Epifânio. Apresentação: Luís de Barreiros Tavares. Palácio da Independência – Sala Antão de Almada – Lisboa – 08-01-2019. "Orpheu acabou. Orpheu continua" (Fernando Pessoa) "1. Ocorreu-me a ideia de juntar estes 5 companheiros de Orpheu num pequeno livro. Não subestimando todos os outros membros do grupo, como Raul Leal, Ângelo de Lima, Luiz de Montalvôr, Côrtes-Rodrigues, Ronald de Carvalho, Alfredo Pedro Guisado, Camilo Pessanha (para Orpheu 3, segundo o desejo de Pessoa), o “anónimo ou anónima que diz chamar-se ‘Violante de Cysneiros’” (nota em Orpheu 2), sendo um pseudónimo de Côrtes-Rodrigues, etc. Cinco magníficos configurando, no entanto, um grupo singular na geração de Orpheu pelo modo como partilham um projecto Modernista e de Vanguarda, a vários títulos, apesar das divergências inevitáveis mas fecundas.O sentido do Moderno e do “Novo”, na poesia, pintura e literatura, perpassa a sua motivação criadora: “Outrora imaginei escalar os céus / / à força de ambição e nostalgia, / E doente-de-Novo […]” (Mário de Sá-Carneiro, “Além-Tédio” – Paris, 1913); “Nós, os novos, só procuramos a originalidade. Sou impressionista, cubista, futurista, abstraccionista? De tudo um pouco. Mas nada disso forma uma escola.” (Entrevista de Amadeo ao jornal O Dia – 1916, que, embora não tenha publicado em Orpheu 1 e 2, estava previsto publicar em Orpheu 3, que não chegou a sair)... Justiça seja feita, é preciso habilitar e reabilitar os heróis de Orpheu. É o que se está fazendo, hoje, em Portugal e além fronteiras: Paris – Grand Palais 2017 – Retrospectiva de Amadeo de Souza-Cardoso; Madrid –Reína Sofia 2018 – “Toda a arte é uma forma de literatura” (Pessoa), Colóquio “Homenagem a Santa Rita Pintor nos cem anos do seu falecimento” (Maio de 2018), etc. No contexto do Modernismo e da Vanguarda, e nas celebrações de um século, estabelecendo a ponte Orpheu–Portugal Futurista, no princípio do Século XX em Portugal. Aguardemos o que segue. Este pequeno livro é o nosso modesto contributo. 2. Mas quem foi Orpheu (ou Orfeu)? Tentando ser sucinto, Orpheu pertence à mitologia helénica e é um dos seus mitos mais obscuros. Como as Musas, habita perto do Olimpo. Ele é “o cantor por excelência, o músico e o poeta”. “Toca a lira e ‘cítara’, instrumento cuja invenção lhe é atribuída”. Na expedição dos Argonautas – em busca velo de ouro –, com a “doçura da sua música”, Orpheu evitou que os tripulantes da Nau Argos se deixassem seduzir pelo canto das feiticeiras Sereias. Além disso, conjurou durante a viagem “os perigos com práticas mágicas”. Ligado também aos Mistérios, Orpheu é colaborador de Dioniso (o deus da luxúria, da dança, do vinho, um dos inspiradores de Nietzsche na Origem da Tragédia). Entre outras tradições e relatos, assinalamos aqui o célebre mito de Orpheu na descida aos Infernos, buscando Eurídice, sua esposa. Orpheu tenta trazer à vida Eurídice, morta por uma serpente sob a perseguição de Aristeu que a tentou violar. Mas o desenlace é trágico. Hades e Perséfone consentiram devolver Eurídice à vida na condição de Orpheu não olhar para ela enquanto subiam dos Infernos e enquanto não atingissem a luz do dia. Mas Orpheu, acossado subitamente por uma dúvida – a de que Perséfone o tivesse enganado – voltou-se para Eurídice ainda não era chegado o dia. É então que a sua esposa desaparece de novo descendo aos Infernos, morrendo pela segunda vez. Muitos relatos haveria que contar (fonte: Pierre Grimal, Dicionário da Mitologia Grega e Romana, trad. Victor Jabouille, Lisboa, Difel). Curiosamente, Santa Rita Pintor, com 14 anos de idade (sensivelmente em 1903) pintou um quadro intitulado “Orpheu nos Infernos” (publicado na revista “Portugal Futurista”)." (na Nota Prévia)